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Velhas pinturas na casa da praça

Daqui de longe lembro, fotograficamente, das três pinturas coloridas da parede do alpendre da velha casa da esquina da praça da Matriz, onde morava o senhor Gimim Queiroz, que se chamava, na verdade, Germiniano. Eram três pinturas, uma com uma canoa ancorada na margem de um lago azul, com remos abandonados na popa tendo lá do lado direito, ao fundo, um velho moinho com uma roda d’água e plantas nas margens; a outra era um castelo à beira de uma lago azul com uma casa majestosa ao fundo e uma lua prateada encimando tudo. A outra era uma garça com um pé dobrado e outro dentro d’água que também era azul. Assim, de memória, devemos ter esquecido alguns detalhes, ou a ordem dos quadros, mas a emoção de lembrá-los é a mesma de sempre.
Nas tardes calmas, a gente passava defronte ao alpendre protegido por uma grade de ferro com corrimão de madeira e via o seu Gimin com a mulher sentados em cadeiras de madeira tendo aos pinturas ao fundo, era um momento mágico e bonito. Quem teria pintado aquilo, de maneira tão pura e romântica, com as cores iguais às da natureza? No grupo escolar, com lápis de cor, imaginação e pouca arte, a gente tentava imitar as pinturas, sem nunca conseguir reproduzir aquela calma e paz da água azul cercada de verde. Será que ainda estão na mesma parede quando seu Gimim dizia, depois de tomar algumas cervejas Niger: “Uma é boa, duas perturba e três derruba”?

Juvenil de Souza sempre foi um pintor frustrado. Nunca conseguiu desenhar sequer uma casinha com fumaça saindo da chaminé.

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