Os poucos leitores que perdoem, mas hoje não tem crônica não. Já lembramos de todos os assuntos da infância, juventude e velhice e hoje, francamente, o Juvenil está doente, fraco dos nervos, precisando tomar calmante a toda hora, sozinho neste cubículo na cidade grande, sem telefone e nem vizinhos, fazendo um chazinho no fogãozinho jacaré a querosene, que está acabando.
Me desculpem, mas hoje não estamos sentindo nem aquele leve, ligeiro e quente perfume que vem das jabuticabeiras em flor do quintal meio abandonado, que fica defronte à janela do quartinho do terceiro andar do prédio onde moro na rua por onde passam milhões de carros, caminhões e ônibus.
Lá fora, uma velhinha pede esmola pelo amor de Deus a cada segundo, como um relógio quebrado. Realmente pedimos perdão, mas estamos neuróticos com este ar seco de outono, poluição e fumaça, garganta doendo, fígado doendo, cabeça doendo e até o pobre coração dói numa hora dessas de cinza na alma e no corpo.
Talvez com a volta da chuva e a floração dos flamboyants nas ruas ensolaradas, um vento fresco vindo de longe, ipês florindo nas estradas distantes, uma queda d’água, uma árvore amiga, uma visita neste domingo triste e melancólico este pobre e esquecido escriba refaça as energias que, aos poucos vão fugindo.
Talvez essa visita venha, porque não, e traga um abraço, a mão quente e aquele velho amor renasçam das cinzas, do chão, do pó que cobre tudo neste quarto desolado.
Juvenil de Souza é um velho ranzinza que grita com crianças e detesta o som alto do vizinho. É anarquista de carteirinha.
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