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Rádios e rádios

Naquele tempo tinha que pagar taxa no correio para ter rádio em casa. Era um rádio grandão, uma caixa com três botões de controle e que ficava em lugar nobre na sala, lugar esse ocupado hoje pela televisão. As “rádias“ eram poucas e quando pegavam era mais barulho que som propriamente dito. Era uma chiadeira só, parecia uma frigideira fritando bife. Tinha onda média e onda curta- a onda média pegava as rádios mais perto,a longa as mais longe. Com uma antena bem alta, esticada no alto de casa, podia se ouvir as rádios do Rio de Janeiro, que eram as mais potentes e melhores. De São Paulo a gente ouvia a rádio Marconi. Com o tempo, a qualidade foi melhorando e aí veio a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que era como se fosse a TV Globo de hoje. Todos os artistas famosos se apresentavam lá.
Os programas de auditório com César de Alencar, um tipo de Faustão no rádio onde se apresentavam cantores e cantoras mais populares do Brasil, como Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Silvio Caldas, Francisco Alves. Aos domingos, “quando os ponteiros se encontram“, meio dia, tinha o programa do Francisco Alves, “um oferecimento das Casas Masson e Sabonete Lever“, que devia ter cem por cento da audiência no país.
À noite, tinha as novelas mexicanas de Féliz Caignet, que a locutora traduzia por Canhê, dramas em cima da dramas, igualzinhas às novelas de hoje na TV. E tinha também os programas de humor, PRK30 do Otelo Trigueiro, a voz mais batatal do rádio brasileiro“. Depois, veio o repórter Esso, que trazia notícias da guerra de Pan Mun Jon, que ficava lá longe. Foi aí que a gente começou a saber que o mundo era pequeno.
E tudo perdia a graça.

Juvenil de Souza acha que dois e dois são cinco


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