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Correios e telégrafos

O programa era ir buscar correspondência no correio, que ficava na Condessa Matarazzo, rua de terra, com duas imensas e belas palmeiras imperiais que, não se sabe porque, foram impiedosamente derrubadas. Era na casa da dona Noêmia, mãe do Pica-Pau, uma senhora simpática que, com o tempo, ficou meio lelé da cuca e não se lembrava de nada.
O pessoal ficava esperando numa escadinha, escutando o barulho do carimbo que vinha lá de dentro,- pa,pá,pa, cadenciado pelo Anselmo Sacagne, auxiliado pelo Totó. Era uma espera angustiante, mesmo porque os privilegiados que tinham caixa postal abriam a portinhola
de ferro fundido e suas cartas estavam lá, à disposição. Demorava um tempão e a portinhola de porta oval era aberta para a entrega das cartas, avisos, revistas, etc. Se não ia buscar, no outro dia o simpático Totó, filho do Salu, ia entregar nas casas com um andar devagar e cadenciado.
Depois, o correio mudou para a esquina em frente à caixa d’’’’água da Sete de Setembro, mas aí já era a dona Lourdes do Correio que comandava, com os mesmos Anselmo e Totó. Ainda
aguardamos, ansiosamente, que o Totó nos entregue a resposta da mensagem mandada em garrafa há séculos para aquela mulher distante e que, temos certeza, um dia virá em letras redondas escritas no papel amarelado e perfumado pelos anos.

Juvenil de Souza sonhava
em ser entregador de cartas só
para bisbilhotar a vida alheia.
E mandar carta sem selo
.


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