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Chuvas de verão

Quando chovia dias seguidos todos
ficavam o dia inteiro dentro de casa e
inventava coisas para o tempo passar.
Tinha os bolinhos de chuva com leite
morno, a água escorrendo pelo vidro
das janelas, a antiga goteira com uma
bacia em baixo com um pano para não
espirrar no assoalho de madeira. Os
gatos ronronavam na cinza do fogão a
lenha de fogo meio-morto, a chapa de
ferro guardava os bules de café. Na cristaleira
licores proibidos espreitavam e
na parede um relógio balançava as horas
em algarismos romanos. O dia não acabava
nunca, escorria como a chuva miúda
com alguns trovões que assustavam.
Quando o sol saía com arco-íris lá longe,
a gente ia para a sarjeta escorrendo água
morna. “Sol com chuva, casamento de
viúva, chuva com sol, casamento de espanhol”,
todos gritavam espantando os
últimos respingos da chuva. Era naquele
momento de claridade alegre do sol vencendo
a tarde e a chuva, que aparecia a
menina bonita de pés descalços na água
quente e barrenta da sarjeta de pedras
pretas, as sandálias na mão, visão inesquecível.
Será que ela ficou viúva, ou casou
com um espanhol?

Juvenil de Souza não resiste a
um dia de chuva triste que penetra
na alma. Tropical, gosta de sol,
vento, calor e meninas bonitas.



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