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Uma saudade a mais...

Naquele tempo tinha a SR3 que ficava no Jardim de Cima, na casa da Tia Nenê com alto-falante fincado num poste de madeira ao lado de um daqueles majestosos pinheiros que foram cortados. Depois fechou e mudou para o Jardim de Baixo, com o nome de SRV-4.
Tinha uma torre imensa de madeira em que alguns moleques subiam, perigosamente. O estúdio envidraçado ficava na casa do Quinzote, onde se oferecia música para as moças de beijos impossíveis.
O centro de diversão da cidade ficava no Largo Santo Antônio por causa da SRV 4 e do Cine Santa Rosa. Aos sábados e domingos a praça ficava lotada, o cinema tinha duas sessões. Ao redor da praça as moças lindas e inacessíveis rodavam enquanto os homens formavam rodinhas, lançavam olhares, era o “flerte“, que podia dar certo ou não.
As calçadas do largo Santo Antônio eram de pedregulhos, os bancos de cimento e, se algum flerte desse certo, surgiam namoros firmes e até casamentos.
Foi num daqueles bancos que numa noite de estrelas a tiritar beijamos pela primeira vez na boca aquela namorada de olhos fundos e negros, cabelos longos, fogosa e amedrontada.
Foram apenas dois sábados. Depois ela se mudou para a cidade grande e nunca mais a vimos. Naquela noite do beijo longo e demorado a SRV- 4 tocava, “Uma saudade a mais, uma esperança
a menos“. Como hoje.

Juvenil de Souza tinha um grande sonho: um dia, ser locutor da SRV- 4 com voz de veludo e possante.

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