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O nome das coisas

Naquele tempo os nomes das pessoas, das coisas e dos animais eram mais simples e simpáticos, como por exemplo, Maria era Maria, José era José e não havia Suellens nem Ronald nem Maicoln Jacson. Cachorros eram chamados de Rex ou, no máximo, de Sultão e não tinham nome de gente como hoje ou de artista de cinema ou de televisão. Tinha ponte, pontilhão e pinguela, nada de viaduto, anel viário.
Os trens passavam pelas estações que tinham nomes até poéticos, como Corredeira, Itaóca, Jataí, Gironda e os chefes das estações eram todos conhecidos, bem como o telegrafista que em Santa Rosa era o Siqueira, irmão do Julinho Siqueira, pai do Zé Márcio e que trabalhava em Amália, e do Siqueirão que jogava bola no segundo time do Santa Rosa e era locutor do serviço de alto-falante da igreja matriz, junto com o Zé Bertocco. Eles rezavam com a tristíssima Ave Maria de fundo musical, sempre às seis da tarde, quando ainda não havia pardais e o anoitecer era anunciado pelas andorinhas voltando aos ninhos nos beirais das casas.
Os fogões ainda eram de lenha e a fumaça subia pelas ruas exalando um cheiro bom de comida no fogo, feijão cozinhando, alho fritando no óleo quente, o toicinho de porco derretendo nas panelas de ferro fundido, a lenha crepitando em labaredas de todas as cores.
Os que pitavam tiravam um tição vermelho em brasa do fogo para acender o cigarro de palha e fumar depois de tomar café torrado e moído em casa.
As cozinhas não tinham forro e o negro picumã misturado às teias de aranha se formava nos caibros e nos arames estendidos sobre o fogão onde eram guardados nacos de toicinho salgado que iam sendo defumados naturalmente com a fumaça ardida que saia da boca do fogo.
No forninho quente sempre era assado um bolo para amanhã cedo, o frango dos domingos, o pão de fubá e os deliciosos biscoitos de queijo que não existem mais.
Naquele tempo, as coisas tinham nome.

Juvenil de Souza foi despedido do emprego porque não se adaptou a escrever nesses malditos computadores de hoje em dia.

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