English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Beijos angelicais

De noite ouvíamos o perfume das angélicas do brejo de flores brancas, folhas compridas. Das raízes a gente fazia revólver. O perfume era suave, limpo e tinha um frescor de vento de inverno, maio chegando. Só se sentia ao entardecer, quando as flores abriam os cachos, brancas como leite no brejo dos córregos, debaixo da ponte de madeira, da pinguelas de uma tábua só, onde os sapos e rãs coaxavam. Ela tinha medo de ir para casa de noitinha, vai que aparece uma assombração? A gente ia junto até depois da pinguela, antes de chegar na porteira de madeira, entrada proibida da casa dela. Era branquela, pernas compridas, joelhos ralados e calçava sandálias gastas e puídas. Naquela noitinha ao atravessar a pinguela ela se assustou com um sapo que pulou no brejo e a gente teve que dar um abraço para ela não cair na água gelada e límpida do córrego cantando. Ela fixou os olhos em nós e, no meio do perfume adocicado e leve das angélicas, nos beijamos suavemente, sem prática e desajeitados. Foi o começo de um amor rápido que acabou como o perfume das angélicas acaba quando chega o amanhecer.

Juvenil de Souza tem o nariz
entupido por uma constipação
.


Próxima crônica
Página Inicial